Em Florianópolis, lançamento teve a presença do nosso arcebispo e de outras entidades ligadas ao tema
“Uma família humana, pão e justiça para todas as pessoas”, esse é o tema da campanha que a Igreja Católica no Brasil está lançando hoje com a finalidade de erradicar a fome, pobreza e desigualdades sociais. O evento é realizado mundialmente, nas 164 entidades membros da Caritas Internationalis, que corresponde a igual número de países.
Em Florianópolis, a campanha foi lançada na manhã de hoje(10) pelo arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck. A coletiva de imprensa foi acompanhada do Pe. Roque Faverim, presidente da Cáritas estadual, de Luciana Azevedo do Nascimento, coordenadora estadual do Mesa Brasil/SESC (entidade que busca utilizar os alimentos que não consumidos), e de representantes de outras entidades assistenciais da Igreja.
Durante o evento, Dom Wilson falou dos propósitos da campanha e justificou a iniciativa. Segundo ele, um terço dos alimentos produzidos no campo não são consumidos. “Enquanto muita gente passa fome, boa parte dos alimentos são jogado fora”, disse. Ele informou que a proposta da campanha é realizar ações para que esses alimentos cheguem a quem precisa, também conhecer as situações que causam a fome e a pobreza, e buscar alternativas junto aos órgãos públicos para resolver essa situação.
Uma grande onda de oração que terá início em na ilha de Samoa, na Polinésia, e se espalhará por todo o mundo envolvendo todas as organizações Cáritas e muitas outras pessoas de todos os continentes.
Cáritas e a CNBB pretendem com a campanha, que vai até 2015, sensibilizar e mobilizar a sociedade sobre a realidade da fome, da miséria e das desigualdades no mundo e no Brasil. A alimentação adequada e de qualidade é um direito humano e por isso deve ser garantida a todos os cidadãos e cidadãs de forma igualitária.
O Papa Francisco gravou um vídeo com uma mensagem de cinco minutos em apoio à campanha. As palavras do Santo Padre serão divulgadas no dia do lançamento. “Não se pode tolerar mais o fato de se lançar comida no lixo, quando há pessoas que passam fome. Isto é desigualdade social”, disse o Papa em sua primeira Exortação Apostólica.
De acordo com o Pe. Roque, 16 milhões de pessoas no Brasil vivem em situação de miséria. Mas, segundo ele, não basta apenas produzir alimentos, mas também criar iniciativas de inclusão social, geração de trabalho e renda e oportunidades de emprego. “A Igreja já realiza vários trabalhos nessa linha. Pretendemos intensificar ainda mais esses serviços”, disse.
Luciana Azevedo do Mesa Brasil/SESC informou que boa parte do que é produzido se perde no campo, na produção e no transporte. Também cerca de 20% é perdido dentro das casas. “Nosso trabalho consiste em recolher os alimentos que não são mais comercializados e realizamos a distribuição para instituições que solicitam”, disse.
Segundo levantamento realizado pelo projeto, o Mesa Brasil/SESC possui 80 sedes no Brasil. São 130,7 milhões de quilos de alimentos distribuídos, 1,4 milhão de pessoas beneficiadas, 3,4 empresas doadoras e 12 mil ações educativas realizadas. “A Igreja pretende apoiar, incentivar e realizar campanhas semelhantes ao que já realizado por esse projeto”, disse Dom Wilson.
A concentração de renda no mundo
Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), hoje, 842 milhões de pessoas ainda passam fome no mundo, ou seja, um em cada oito seres humanos.
De acordo com o Relatório da Riqueza Global, lançado este ano pelo banco suíço Credit Suisse, se a riqueza produzida no mundo em 2013, que foi de UU$ 241 trilhões, fosse distribuída em partes iguais entre as pessoas adultas do planeta, cada um iria receber UU$ 56.600,00.
O relatório ainda aponta que os 10% mais ricos controlam 86% da riqueza global, enquanto apenas 32 milhões de adultos em um mundo com sete bilhões de habitantes (0,7), possuem 41% da riqueza mundial. Além disso, dois terços dos adultos da humanidade – 3,2 bilhões – só conseguem dividir 3% da riqueza mundial.
A pobreza e as desigualdades no Brasil
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil é a sexta economia mais rica do mundo, mas 57 milhões de pessoas ainda vivem em estado de pobreza, ou seja, sobrevivem com meio salário mínimo. Mesmo com programas de distribuição de renda promovidos pelo Governo Federal, 20% dos mais ricos ainda detém 63,8% da renda nacional, enquanto os 20% mais pobres acessam apenas 2,5% de toda a riqueza que é produzida pelo país.
O “Atlas de Exclusão Social: os ricos no Brasil”, mostra que o país tem mais de 51 milhões de famílias, mas somente cinco mil apropriam-se de 45% de toda a riqueza e renda nacional.
Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE), em 2012, em termos absolutos, o estado da Bahia apresentou maior contingente de pessoas na extrema pobreza, 1.126.897 pessoas, seguido dos estados do Maranhão (924.515), Ceará (718.066), São Paulo (666.452) e Pernambuco (609.160). Já em termos proporcionais, Maranhão, Alagoas, Ceará, Bahia e Pernambuco são os que apresentam as maiores taxas. Consideram-se extremamente pobres àquelas com renda domiciliar per capta inferior a R$ 70.
Alguns dados estatísticos
• 1,3 bilhão de pessoas no mundo passa fome
• 16 milhões de brasileiros vivem em situação de miséria
• 12% da população mundial sofre de subnutrição. A grande maioria em países em desenvolvimento
• 842 milhões de pessoas passam fome no mundo
• 57 milhões de brasileiro vivem em estado de pobreza, ou seja, com meio salário mínimo
• 1/3 das mortes de crianças até cinco anos está ligada a desnutrição
• O Brasil tem o terceiro pior índice do mundo em desigualdade entre pobres e ricos
Saiba mais no site da campanha: http://caritas.org.br/campanha-mundial