Cidade do Vaticano (RV) – A fase diocesana do processo de beatificação de Dom Hélder Câmara será oficialmente aberta neste domingo (03/05), após a instalação do tribunal na arquidiocese de Olinda e Recife. Dom José Maria Pires, bispo emérito da Paraíba, companheiro de Dom Hélder, será o primeiro a ser ouvido. Silvonei Protz entrevistou o Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, que fala sobre o andamento do processo. A Comissão histórica já analisa o legado intelectual de Dom Hélder Câmara:
“Esta comissão já está trabalhando, vendo os escritos de Dom Hélder, que é muita coisa. Somente as cartas conciliares que ele escreveu – na madrugada – já tem três volumes. E ainda tem cartas para serem publicadas: é uma riqueza de material”, disse Dom Saburido.
O Arcebispo de Olinda e Recife acredita que a fase diocesana do processo deverá durar um ano. Uma comissão teológica será criada para analisar a herança teológica de Dom Hélder:
“Dom Hélder era alguém que pensava muito na frente. Tinha ideias muito claras e bastante voltadas para os interesses dos pequenos, dos pobres. Uma mensagem bonita para os tempos que nós estamos vivendo aqui no Brasil . Dom Hélder era um homem de muita visão, de pé no chão, que enfrentou desafios sobretudo porque durante o tempo da repressão militar ele era o arcebispo de Olinda e recife, uma região muito sofrida, e lá ele enfrentava todas as dificuldades. Teve a voz tolhida, não podia falar para a imprensa. Era uma pessoas que sofreu na pele as consequências daquele tempo da repressão”.
Dom Saburido guarda lembranças muito especiais da convivência com Dom Hélder, que o ordenou sacerdote:
“Dom Hélder era um homem de oração, de reflexão, que se acordava na madrugada para rezar, para escrever. Ele se envolvia muito com a Eucaristia. Quantas vezes eu presenciei Dom Hélder chorando durante a celebração eucarística. Era uma pessoa de uma sensibilidade muito grande e de um carinho muito especial para com os pobres. Basta ver aquela frase famosa do Papa João Paulo II quando esteve em Recife, em 1980, abraçou Dom Hélder e disse: ‘irmão dos pobres e meu irmão’”. (SP/RB)
Fonte: Aberto processo de beatificação de Dom Hélder CâmaraRádio Vaticano