Criação das leis de iniciativa o popular, reforma política, pastorais sociais e renovação promovida pelo papa Francisco foram lembradas

Cerca de 400 pessoas lotaram as galerias da Assembleia Legislativa de Santa Catarina para acompanhar a sessão especial em alusão à Campanha da Fraternidade (CF) de 2015 com o tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade”. A sessão foi proposta pelo deputado padre Pedro Baldissera (PT). A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi representada pelo arcebispo de Florianópolis e presidente do Regional Sul 4, dom Wilson Tadeu Jönck.

Ele afirmou que os católicos também fazem parte da sociedade e devem atuar para colaborar com ela.

— Nós cristãos temos uma convicção, se vivermos o Evangelho como devemos viver, tornaremos a sociedade melhor. Este é nosso papel, de fazê-lo com palavras, mas, sobretudo com testemunhos e com ações bem decididas —, analisou antes de citar os principais fatos históricos da relação da Igreja com a sociedade e o Estado desde o início do cristianismo.

O arcebispo lembrou que, mesmo durante a ditadura militar, a Igreja atuou criando pastorais sociais como a Comissão Pastoral da Terra e o Conselho Indigenista Missionário, além de participar do processo de redemocratização e da constituinte.

Também apontou alguns desafios atuais que “pedem a intervenção da sociedade e da Igreja, como parte da sociedade”, como o envelhecimento da população, os serviços públicos precários combinado com o inchaço das cidades e a conservação da água.

Citando posicionamentos recentes do papa Francisco, dom Jönck afirmou que é preciso “combater a cultura da indiferença e do descartável, combater a corrupção, que ‘fede’, segundo as palavras do papa, e implantar a cultura do encontro”.

O professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Armando Lisboa, analisou que no mundo cresce a intolerância ao mesmo tempo, no Brasil, a ascensão dos pobres e negros ao consumo, viagens aéreas e universidade evidenciou o preconceito e o racismo ainda existente que leva a criação de “novos muros segregacionistas”.

— Neste mundo carente de laços e valores éticos desponta importância e a grandeza da campanha da fraternidade —, destacou Lisboa.

Ele também lembrou que “a CNBB tem sido protagonista de conquistas fundamentais em nosso país, como o movimento de ética na política, gerando a (lei da) Ficha Limpa, e anos atrás, por ocasião do processo constituinte, na criação da iniciativa popular que levou a uma lei que permite a participação popular na elaboração de leis”.

Lisboa comentou que o atual papa, por sua postura e palavras, demonstra que “o cristianismo é uma luz imprescindível na difícil travessia em que a humanidade se encontra”.

O padre Baldissera discursou em favor da reforma política, evidenciada durante a Campanha da Fraternidade, pelo fim do financiamento empresarial dos candidatos, participação paritária da mulher e incentivo da democracia direta.

— É importante esta convocação da CNBB, e de diversos movimentos sociais, para que se concretize uma verdadeira reforma política que elimine o paternalismo e a influência do poder econômico para garantir uma política que sirva a vida e que sirva as pessoas —, acentuou o deputado.

Ele pediu que os cristãos, no trabalho, na escola e em outros ambientes sejam “instrumentos de vida e libertação, instrumentos de ética e dignidade” e que “atuem no sentido de servir ao próximo”.

A Assembleia Legislativa entregou uma placa em homenagem ao serviço prestado à comunidade para a Comissão Pastoral da Terra, Pastoral da Pessoa Idosa, Pastoral da Criança, Pastoral da Saúde, Pastoral Carcerária e Cáritas Brasileira.

Esta foi a décima primeira seção especial em homenagem à Campanha da Fraternidade na Assembleia Legislativa, como lembrou o deputado. Segundo ele, este foi o maior público de sempre.

A CF iniciou com a Quaresma, em 18 de fevereiro, e terminou no domingo de Ramos, 29 de março. Ano passado, a campanha foi sobre tráfico humano.

Fonte: http://agenciacnbbsul4.org.br/