A celebração dos 50 anos dos Grupos Bíblicos em Família é uma oportunidade para revisar a caminhada. Nestes anos depois do Concílio Vaticano II a Bíblia chegou a grande parte dos lares. Muitos adquiriram o hábito de ler a Bíblia. Implantou-se em muitos lugares o costume de ler a Bíblia em grupo. Nos últimos tempos se difundiu a leitura orante da Bíblia. Mas pode-se afirmar que a Palavra de Deus ainda não está no centro da vida dos cristãos católicos. Ela não é, de fato, a luz do nosso caminho.
A dificuldade de popularizar os GBF, no fundo, é a dificuldade de ter uma vida cristã mais coerente e comprometida. A realidade cada vez mais urbanizada tende a tornar-se sempre mais secularizada. Há uma dificuldade de ocupar-se com os valores do alto. Sobra pouco tempo para dedicar-se à leitura da Palavra de Deus.

A meta dos GBF é tornar-se uma estrutura da vida comunitária. As pessoas que se reúnem para ler a Bíblia constituem um núcleo de vida comunitária. Assim a paróquia seria reconfigurada em torno da Palavra de Deus. O livro dos Atos dos Apóstolos afirma que a comunidade se reunia para ouvir a Palavra de Deus. São Paulo também afirma que a fé brota da escuta da Palavra de Deus.

Cristo se manifesta na Palavra. E a presença da Palavra produza confiança e alegria como aquela descrita no encontro de Maria com Isabel. A acolhida da Palavra proporciona um novo modo de compreender a Deus e a realidade. Faz brotar a conversão e as atitudes próprias do cristão. Esta transformação é encontrada na passagem dos discípulos de Emaús, em Tomé e em Maria Madalena. No nosso tempo os movimentos de vida cristã experimentam o mesmo fenômeno. Quando é apresentado o querigma cristão há uma reação de intensa alegria e um desejo de reorganizar a vida de acordo com o novo entendimento.

Dois lembretes: no caminho de vida cristã quem toma a iniciativa é Deus. Ele que indica a direção. Cabe ao ser humano acolher a iluminação e responder com a vida. Um segundo tópico: é preciso educar-se para escutar a Palavra de Deus que leva à vida de oração e à realização de obras de caridade.

Artigo publicado na edição de setembro de 2020 do Jornal da Arquidiocese, página 2