A Igreja celebra festiva o Domingo de Páscoa, comemorando a grande vitória de Jesus que ressuscitou. Vencendo a morte e o pecado, ressurgiu para nos garantir que a vida tem a última palavra. As celebrações deste domingo nos convidam à alegria para festejarmos exultantes a vitória do Senhor.

É o Domingo da Páscoa, da passagem da morte para a vida, que vem culminar todas as ricas celebrações que aconteceram durante essa semana abençoada.

Na Semana Santa se concentra a vivência do cerne da nossa fé cristã. As celebrações antiquíssimas são fruto de séculos e séculos da experiência da fé que se torna litúrgica. São cerimônias muito bonitas e significativas, porque atualizam eficazmente o que cremos.

Às celebrações litúrgicas comuns a toda a Igreja, a devoção popular acrescentou outras, tipicamente nossas, como encenações, procissões, vias-sacras, também oportunas e lindas. Dificilmente uma pessoa pode ficar insensível diante do mistério da entrega de Jesus por nós.

Uma pintura medieval representa bem o espírito com que nós, seguidores de Jesus, nos dispomos a celebrar esses dias santos. Trata-se de um crucifixo, a cujos pés está São Francisco beijando, com muita reverência e devoção, cheio de gratidão, os pés do Crucificado. Quem pintou assim captou bem um ponto fundamental nas celebrações da Semana Santa: a gratidão a nosso Salvador por sua santa ceia, paixão, morte e ressurreição.

Ao participar dessas celebrações, deixamo-nos tomar por um grande e comovido sentimento de gratidão ao Senhor. Todos experimentamos o quanto é difícil dar de nossa vida aos outros. Jesus, porém, livremente e por amor, deu sua vida por nós, num gesto de doação profunda, “até a morte e morte de cruz”.

Por essas celebrações, a Igreja revive os acontecimentos que marcaram a vida de Jesus Cristo e que se tornaram determinantes para nós, seguidores dele. Determinantes em que sentido? A grande busca fundamental do coração humano é a busca de Deus. Essa busca é um processo, por isso freqüentemente ela é chamada de caminho, itinerário, história.

No entanto o caminho para Deus. não obstante a valentia da busca humana, estava emperrado, impedido. Não por parte de Deus. mas sim da condição humana, feita incapaz de percorrê-lo adequadamente. Sim, a busca de Deus característica das religiões naturais fundamentada na nossa capacidade é por demais frágil, insuficiente, ambígua e, por vezes, até equivocada.

Aconteceu, porém, que na busca e na consciência de pessoas bem experimentadas na abertura para Deus ecoou algo novo, algo que vinha do próprio Deus. E isso se tornou história, história de pessoas e de um povo, o povo da Antiga Aliança.

Nesse processo de escuta e de percurso do caminho engajou-se o próprio Deus feito homem. Aqui está a significação toda especial de Jesus Cristo, a quem por isso chamamos de “nosso Senhor”.

Do processo e da busca de nosso Senhor surgiu um povo novo: a Igreja, povo da nova e eterna aliança, que agora celebra a Semana Santa.

O Jesus da entrada em Jerusalém, o do Lava-pés e da Santa Ceia, o da paixão e da cruz, o da morte e sepultura, o da ressurreição, é o senhor de nossa vida percorrendo o seu caminho de busca e realização do encontro com o Pai, abrindo o caminho para todo ser humano que queira realizar sua busca de Deus sem equívocos e ambigüidades, de forma realizadora. É Ele o nosso Senhor e Salvador!

A quaresma, com sua proposta de penitência e conversão, foi um bom caminho de preparação para a Páscoa, pois não há encontro com Jesus Cristo sem um aprofundamento do nosso viver cristão e sem uma abertura decidida aos outros, sobretudo os mais frágeis. Agora estamos celebrando a festa maior da nossa fé: a Páscoa do Senhor.

Celebrar a Páscoa – memória da paixão, morte e ressurreição de Cristo – é testemunhar nossa fé na vida, na vitória do bem. Por isso a Igreja entoa cantos alegres, celebrando a vitória do Salvador. E nos convida a testemunharmos nossa fé por meio da prática do amor, da fraternidade, da solidariedade. Convida-nos a dar um sentido novo a nossa vida, que seja marcada pelo otimismo, pela alegria, pelo compromisso de amor a Deus e aos irmãos.

Alegremo-nos! O Senhor ressuscitou! Com esses sentimentos, quero expressar a todos meus cordiais votos de uma Feliz e Santa Páscoa, repleta das bênçãos do Cristo Ressuscitado.

Dom Fernando Mason
Bispo Diocesano de Piracicaba